A importância da hipnose no pré-operatório
Olá, meus queridos amigos! Estão gostando do assunto hipnose e medicina? Bem, espero que sim. Hoje, vou falar um pouco sobre hipnose e pré-operatório.
Já foi submetido a alguma cirurgia em sua vida?
Se já, como foi a experiência? Como foi desde o momento do diagnóstico da doença que indicava a cirurgia até o momento em que estava a caminho da sala de cirurgia?
Se nunca foi submetido a um procedimento cirúrgico, você consegue imaginar como seria? Como você se sentiria se soubesse que tem o risco de morrer naquele procedimento?
Complicado, certo? Então, vou discorrer um pouco sobre o assunto aqui neste artigo e mostrar como a hipnose pode auxiliar nesse aspecto.
Do diagnóstico ao dia da cirurgia
Quando vamos ao médico ou quando acabamos nos acidentando, temos a possibilidade de sermos submetidos a uma cirurgia, ou eventualmente temos uma “pedrinha” dentro da nossa vesícula biliar, que nos incomoda há anos e temos que tirá-la em uma cirurgia… Ou devido a um acidente, como um atropelamento, podemos ser submetidos a uma cirurgia ortopédica de urgência.
O tempo entre recebermos a notícia que precisamos ser operados e o dia da cirurgia pode ser angustiante e muito tenebroso. Podemos dizer que um filme passa por nossa cabeça a cada dia em que o procedimento se aproxima. Pensamos em como será e, claro, nos riscos que teremos durante o procedimento.
Temos uma medicina que avança a passos gigantescos, dia após dia, com técnicas e medicamentos cada vez mais seguros, mas, mesmo assim, nos preocupamos e muito!
Então, como a hipnose pode auxiliar nesse momento?
Com a freqüência correta e com as atitudes mentais corretas, podemos trabalhar os sentimentos e as angústias do paciente com visualizações mentais do futuro, trazendo sensações de alívio e prosperidade, com o sucesso da cirurgia e com uma boa recuperação. Trabalhar esse tipo de visualização na terapia auxilia o paciente a não sofrer por antecipação.
O dia da cirurgia
Se o indivíduo for seu paciente do consultório, fica mais fácil tranquilizá-lo no dia da cirurgia, pois a conexão que você, médico, tem com o seu paciente já é um grande fator auxiliar. Caso você não seja o médico do indivíduo e sim o terapeuta, pode conversar no dia anterior e realizar uma sessão de hipnoterapia, trabalhando de forma mais aprofundada a visualização do processo, com sucesso e uma boa recuperação.
Se você tiver a oportunidade de ver o paciente dentro do hospital no dia da cirurgia, melhor ainda: você pode ancorar boas sugestões pouco antes de o paciente entrar no centro cirúrgico.
Agora, vou falar um pouco sobre a minha experiência. Como ortopedista, às vezes apenas conversamos com o paciente já dentro da sala de cirurgia ou da REPAI (setor onde o paciente aguarda para ir à sala de cirurgia, já dentro do centro cirúrgico).
Nesse momento, converso um pouco sobre a cirurgia e procuro deixá-lo mais tranqüilo sobre o procedimento em si. Peço para que pense na família e nas pessoas que ama. Quando você trabalha as emoções nesses momentos tão angustiantes, você acaba dando força adicional para o paciente encarar aquele momento tão sofrido e isso é muito bom.
Após uma conversa leve e tranquila, realizo uma indução como a de Dave Elman, que gera relaxamento mental e físico, que auxilia muito na hora do procedimento anestésico.
Após a indução, vem o aprofundamento e as sugestões. Quais as melhores sugestões a serem dadas a um paciente que será submetido a uma cirurgia?
Proponho o seguinte: Leve o paciente para encontrar a família dele, faça com que vivencie os momentos mais felizes e alegres que já teve em sua vida, um momento mágico, uma pessoa maravilhosa, os filhos… Transporte ele até o lugar que queira estar.
Digo isso, pois, como falei anteriormente, os procedimentos cirúrgicos não são livres de riscos, podendo culminar no óbito do paciente durante o ato operatório -sim, existe o risco e não podemos deixá-lo de lado. Claro que não podemos transparecer esse risco ao paciente, mas é de grande valia dar àquele ser humano ali, com muito medo e tensão, a oportunidade de ser feliz, mesmo que talvez seja pela última vez.
Sei que isso soa um pouco trágico, mas, infelizmente, é a realidade de todo ser humano. Um dia iremos morrer e, infelizmente, pode ser em uma sala de cirurgia.
Hipnose como procedimento anestésico
Tenho certeza que você quer me fazer a seguinte pergunta: Mas é possível fazer uma cirurgia utilizando apenas a hipnose como anestesia?
E te respondo que sim, claro que podemos. Então você se questiona: Mas você já fez? Ainda não.
Vou explicar o porquê não podemos e devemos fazer cirurgia apenas com induções hipnóticas.
Antes de mais nada, eu sei que a hipnose tem um poder absurdo de controle físico e mental, e sei que poderíamos, sim, fazer um procedimento cirúrgico de grande porte apenas com a hipnose. Não tenho dúvidas!
Porém, dentro da medicina, existem alguns aspectos éticos que não permitem que a hipnose seja utilizada como monoterapia. O princípio é muito básico, não existem estudos que comprovem a eficiência da hipnose como a anestesia tradicional.
O que isso implica? Não podemos utilizar algo que não sabemos, em números, se pode funcionar e não trazer riscos ao paciente.
Imagine a seguinte situação: um procedimento simples, como uma colecistectomia videolaparoscópica (retirada da vesícula biliar por cirurgia de vídeo). É um procedimento que tem riscos, porém, em mãos experientes, são facilmente realizados.
A anestesia proporciona ao paciente não só a analgesia, mas a garantia de que o indivíduo terá todo o suporte necessário, caso ocorra alguma emergência. Se ocorrer um sangramento grave durante a cirurgia, manobras de reanimação serão realizadas e, para isso, o paciente deve estar inserido em um protocolo que diminua os riscos.
Quero que você entenda que NÃO sou contra utilizar a hipnose como anestesia, mas deixar claro que a hipnose não dá ao paciente a segurança clínica para ser utilizada como o ÚNICO método, e sim como adjuvante.
Lembre-se que a hipnose é uma ferramenta importantíssima, nos ajuda em vários aspectos e também é uma grande auxiliar em várias áreas da medicina, e assim será.
Bem, como você viu, tem muito assunto bacana para conversamos ainda. Por isso, te espero no próximo artigo! Até breve!
